«Tive um professor muito à frente do seu tempo, que usava o teatro para transmitir conhecimento, neste caso, sobre Gil Vicente», conta Manuel Luís Goucha ao recordar os seus tempos de escola. «Lembro-me de ficar fascinado com as noites de teatro, em direto, ainda na RTP, mas fui por esse caminho por outra razão – para ser aplaudido», acrescenta com leveza e humor.

O apresentador de televisão explica que todos os atores que escolhem abraçar o mundo do teatro devem fazê-lo para servir a profissão e não para ser aplaudidos, sendo esse um subproduto do seu trabalho. «Naquela altura gostava [dos aplausos] porque era uma necessidade. Agora é diferente porque já não tenho nada a provar a quem quer que seja, a não ser a mim próprio, diariamente.», refere.

Manuel Luís Goucha afirma que «isso era uma necessidade de afirmação que depois me fui apercebendo. A idade traz-nos isto, vamos contatando, resolvendo e descodificando os nossos próprios desafios».

Com uma carreira com mais de 30 anos contínuos à frente das câmaras, o apresentador da estação de Queluz de Baixo mantém uma postura de aprendiz perante a vida encontrando nas conversas que tem com os convidados dos seus programas o estímulo para continuar a questionar-se e a evoluir. «Por vezes, quando estou a conversar com as pessoas percebo que se calhar não resolvi determinado tema da melhor forma ou que também eu já experienciei aquele sentimento, o que muitas vezes me faz refletir acerca de certos episódios da minha vida, integrando-os e arrumando-os», explica o apresentador que está prestes a completar 71 anos.