O prazer não tem idade. Descubra como viver a sexualidade de forma plena e saudável na maturidade. Entenda as mudanças físicas e emocionais do envelhecimento, a importância da autoestima, do respeito e da liberdade no desejo, e como reinventar o prazer em todas as fases da vida.
Durante muito tempo acreditou-se que a sexualidade tinha um prazo de validade. Que o desejo era um privilégio da juventude, e que, ao envelhecer, as pessoas deixavam de ter direito ao prazer. No entanto, essa é uma ideia profundamente errada. A sexualidade é uma dimensão central do ser humano e acompanha-nos em todas as fases da vida. Mesmo depois dos 65 anos, o prazer continua a ser possível, desejável e essencial para o bem-estar físico e emocional. Com o passar dos anos, o corpo muda. Nas mulheres, a menopausa traz a diminuição dos estrogénios e da progesterona, reduzindo a lubrificação, tornando a pele mais fina e a mucosa vaginal menos elástica. Nos homens, a andropausa pode diminuir os níveis de testosterona e afetar a ereção, o desejo e o ritmo do corpo.
A saúde física e mental tem um papel decisivo nesta fase. A atividade sexual é fonte de vitalidade, equilíbrio e bem-estar. O toque liberta endorfinas, diminui o stresse, reforça a imunidade e melhora o sono. O corpo reage quando é tocado com respeito e o cérebro – o maior órgão sexual – responde com curiosidade e vida.
O sexo nunca foi apenas coito. Reduzir a sexualidade à penetração é negar a sua essência. As dificuldades eréteis, a dor vaginal e a incontinência urinária não são o fim da intimidade, mas um convite a reinventá-la. Um beijo demorado, uma carícia e um olhar cúmplice podem ser tão intensos quanto qualquer ato físico.
A solidão, a depressão, as doenças crónicas, a medicação e a falta de privacidade podem afetar o desejo sexual. O envelhecimento traz perdas naturais ao nível do corpo, dos parceiros e dos papéis sociais, e isso afeta o modo como cada pessoa se olha e se deseja. Mas a intimidade não depende apenas do corpo: nasce da autoestima, da aceitação e da capacidade de comunicar. O prazer floresce quando há respeito e liberdade, nunca por obrigação ou culpa.
Mas é fundamental lembrar que a sexualidade deve ser sempre livre e consensual. O desejo não pode nascer da obrigação, da pressão ou do medo de perder o outro. Nenhum corpo deve ser tocado sem vontade ou prazer. Os direitos sexuais pertencem a todos e incluem o direito de escolher, de dizer sim, de dizer não e de mudar de ideias.
Com a idade, o prazer torna-se mais sensorial, mais afetivo e menos performativo. É o tempo de redescobrir o corpo com outro ritmo, outro tempo e outro olhar. O amor está nos gestos lentos, no toque que demora, na conversa que antecede o abraço. Viver a sexualidade na terceira idade é afirmar a vida e resistir à ideia de que envelhecer é anular-se. É aceitar que as mudanças físicas e emocionais fazem parte do caminho e que a saúde sexual também se cuida com informação, acompanhamento médico/psicológico e, sobretudo, com empatia e humor.
A sexualidade não termina com o tempo, transforma-se com ele. E talvez seja nessa transformação que se revela a sua maior beleza: a maturidade de quem já não precisa de provar nada, mas continua a querer sentir; de quem entende que o prazer é uma forma de presença e que o desejo, quando nasce do respeito e da ternura, é sempre novo. É a capacidade de continuar a desejar, a tocar e a ser tocado, mesmo quando o corpo fala mais devagar, enquanto o coração e o cérebro continuam despertos. O prazer não é um privilégio da juventude, é um direito de todas as pessoas, em qualquer idade.