A doença coronária atinge milhões de pessoas a nível mundial, com uma elevada taxa de mortalidade.
Como o nome indica, é uma condição de saúde que afeta as artérias que irrigam o coração – as artérias coronárias, responsáveis por levar o oxigénio e nutrientes às células do musculo cardíaco e, por isso, importantes para o seu bom funcionamento. A doença coronária ocorre quando estas artérias sofrem um estreitamento ou bloqueio, dificultando a circulação do sangue.
Este bloqueio é, maioritariamente, devido à aterosclerose – lesões nas artérias, com aspeto de placas (ateromas), resultantes da acumulação de gordura, colesterol e outras substâncias, nas paredes das artérias, e que, com o tempo, dificultam o fluxo sanguíneo para o coração. Em casos mais graves, essa falta de oxigénio pode causar danos ao tecido cardíaco, levando ao enfarte do miocárdio (vulgarmente conhecido como “ataque cardíaco”). Outras causas para a doença coronária, embora menos frequentes, incluem inflamação ou infeção das artérias, presença de um coágulo sanguíneo numa destas artérias ou, até, pelo espasmo súbito de uma artéria coronária.
Sinais de alarme
Os sinais da doença coronária nem sempre são óbvios, especialmente nos estádios iniciais. Contudo, existem alguns sintomas que podem indicar que o coração está a ser afetado. Os mais comuns incluem:
- Dor no peito (angina): vulgarmente conhecido como “angina de peito” engloba um conjunto de sintomas, que refletem, normalmente, uma doença coronária existente. A dor ou sensação de pressão no peito, que pode ser descrita como um aperto ou uma dor forte, é um dos sintomas mais típicos. Essa dor pode irradiar para os ombros, braços, pescoço, maxilar ou costas. O exercício físico é o fator desencadeante mais comum, mas o stresse, as emoções fortes, uma refeição “pesada”, a exposição ao frio ou a febre também podem desencadear uma angina de peito.
- Dificuldade em respirar: a falta de ar ou dificuldade em respirar, especialmente durante a prática de atividade física, pode ser um sinal de que o coração não está a receber oxigénio suficiente.
- Fadiga excessiva: Sentir-se sempre cansado, mesmo após atividades simples do dia a dia, pode ser um sinal de que o coração não está a funcionar de forma eficiente.
- Tonturas ou desmaios: A sensação de tontura ou até o desmaio pode ocorrer devido à falta de oxigénio no cérebro, causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para o coração.
- Náuseas ou suores frios: Algumas pessoas podem sentir enjoos ou suor excessivo, especialmente durante uma crise de dor no peito.
Se tiver algum destes sintomas, especialmente se em conjunto, procure ajuda médica imediata.
Há casos de Doença Coronária mais ligeira que podem, até, não desencadear sintomas, sendo apenas detetados em eletrocardiograma. Por outro lado, novos sintomas ou agravamento dos habituais podem ser sinal de agravamento da doença.
Fatores de risco
Existem vários fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver doença coronária. Alguns são modificáveis, ou seja, podem ser controlados ou evitados, mas há outros sobre os quais não podemos agir, apenas podemos estar mais atentos caso pertençamos a esse grupo.
Os principais fatores de risco incluem:
- Idade: O risco aumenta com a idade, especialmente após os 45 anos nos homens e os 55 anos nas mulheres.
- História familiar: Ter um familiar direto que tenha sofrido de doenças cardíacas antes dos 55 anos (no caso dos homens) ou 65 anos (no caso das mulheres) aumenta o risco.
- Tabagismo: Fumar danifica as paredes das artérias, favorecendo a formação de placas e estreitando os vasos sanguíneos.
- Hipertensão (pressão alta): A pressão arterial elevada danifica as artérias, facilitando a acumulação de gordura e aumentando o risco de bloqueios.
- Colesterol elevado: Níveis altos de colesterol LDL (o "mau" colesterol) e baixos níveis de colesterol HDL ("bom" colesterol) podem contribuir para a formação de placas nas artérias.
- Diabetes: A diabetes mal controlada aumenta o risco de doenças cardíacas, uma vez que afeta a saúde dos vasos sanguíneos.
- Sedentarismo e obesidade: A falta de exercício físico e o excesso de peso aumentam o risco de hipertensão, diabetes e colesterol elevado.
- Alimentação pouco saudável: Dietas ricas em gordura saturada, sal e açúcar podem contribuir para a formação de placas nas artérias.
Tratamento
O tratamento da doença coronária pode variar dependendo da gravidade da condição. A mudança de estilo de vida e o controlo dos fatores de risco cardiovascular são fundamentais para que o tratamento resulte.
Em casos menos graves, o tratamento consiste na alteração de hábitos de vida e na toma de medicamentos. Em situações mais graves, pode ser necessário um procedimento cirúrgico.
Os tratamentos incluem:
- Medicamentos: são frequentemente receitados medicamentos para controlar os níveis de colesterol (ex.: estatinas), reduzir a pressão arterial (ex. betabloqueadores), prevenir a formação de coágulos (ex.: antiagregantes plaquetários) e aliviar a dor no peito (ex.: nitratos, que ajudam a relaxar as artérias coronárias levando a uma melhor irrigação do coração).
- Intervenções cirúrgicas: se o bloqueio das artérias for grave, pode ser necessário realizar uma angioplastia (procedimento que desobstrui (desentope) a artéria) ou uma cirurgia de bypass coronário (quando se cria uma rota alternativa para o sangue chegar ao coração).
Prevenção e estilos de vida
A prevenção da doença coronária está fortemente associada a um estilo de vida saudável. Algumas práticas importantes para prevenir a doença incluem:
- Manter uma alimentação saudável e equilibrada: assegurar-se que bebe água suficiente, no mínimo 1,5L por dia; fazer uma alimentação rica em frutas, vegetais, e grãos integrais, preferir carnes brancas e peixe, e evitar alimentos ricos em gorduras saturadas, sal e açúcar.
- Exercício físico regular: a prática de atividade física ajuda a manter o coração saudável, a controlar o peso, diminui a pressão arterial e contribui para manter o colesterol em níveis desejáveis.
- Evitar o tabagismo: parar de fumar reduz o risco de doença coronária.
- Controlar o peso: manter um peso saudável ajuda a reduzir o risco de desenvolver hipertensão, diabetes e colesterol elevado.
- Gerir o stresse: práticas como a meditação, yoga ou até o simples descanso podem ajudar a controlar os níveis de stresse, que afetam negativamente o coração.
- Hábitos de sono saudáveis: assegurar que descansa as horas suficientes tem impacto positivo em vários dos pontos anteriores – manutenção do peso, redução do stresse, entre outros
Em suma, a doença coronária é uma condição grave, mas que pode ser controlada e até prevenida com hábitos de vida saudáveis. O diagnóstico precoce e a adoção de comportamentos saudáveis são fundamentais para evitar complicações graves e melhorar a qualidade de vida.